
Não sei como está agora.
Estava assim há dois anos. Um memorial modesto retirado dos escombros. Modéstia frágil. Frágil nação. Medrosa...
Com tanto medo que fui obrigado, ainda na Portela, a mostrar aberta
a mala que guardava à superfície lingerie rendada que à pressa fora arrumada.
Com tanto medo que o meu inocente Zippo escapou por pouco à confiscação.
Com tanto medo que demorámos duas horas para sair do JFK (depois de 7h30m de voo e mais uma hora, antes em Lisboa, sem poder fumar). Dedos indicadores registados mais fotografias para as bases de dados.
A uma tímida reclamação minha, o agente displicente enorme ruivo irlandês (?) no guiché respondeu:
“— Perdeste duas horas? Há quem perca a vida para cá entrar. Vieste porque quiseste.” (Aquele
you soou-me a tu, nunca a você).
Contrapondo esta antipatia, enquanto esperávamos a porta na Portela, vimos passar um agente PSP, fardado sem boné, cabelo comprido com rabo de cavalo. Raro. Notável.
Foi quem depois verificou a autenticidade dos passaportes e, atento,
nos desejou
“feliz aniversário para ambos, amanhã, em NYC”.
Cordial. Estávamos a 7 de Agosto.
PC