Joe Lovano fechou a digressão deste ano na nossa Aula Magna.
A muita experiência musculada encantou-nos. Trocou o sax tenor por uma vez pelo soprano, embalou-nos e deixou-se embalar em excelente companhia: um extraordinário baterista cubano e um delicado pianista. O contrabaixista era emocional e sonoramente discreto (são quase todos assim...(?)).
JL saltitou no palco por momentos a fazer lembrar palhacinho
de corda. Pequenos saltitos coreografados com os fraseados saltitantes.
A latinidade cantante e morna em crescendo recordou-me o concerto
do argentino Gato Barbieri no Tivoli em 2001.
De permeio alguns standarts de compositores colegas. Perfeito.
...
Chick Corea que não é britânico é pontual. Começou rigorosamente à hora e nós PRESOS na ponte da LIBERDADE. Vinte minutos perdidos de um concerto solo que se sabia sem alinhamento mas ainda a tempo do primeiro aplauso. Deambulou pelas teclas de um piano despido, brincou com os harmónicos directamente nas cordas esventradas, sapateou vigorosamente o pé direito (às vezes os dois) de branco cerimonioso calçado e falou cordial (o John McLaughlin, de peúga branca e sapato de verniz no SeixalJazz98, (ano em que curiosamente também o CC lá esteve) durante uma hora tocou de costas para o público e não proferiu palavra. Outra postura de também vedeta).
Comunicou que haveria intervalo. Depois de um tema reciclado dos 70’s, dos tempos com Airto Moreira, antes da Electric Band, intervalou.
Voltou com 20 partituras de pequenos temas infantis que a “filha,
na hora, lhe mandou por fax...(?)”, tapou parte do piano para poder estender as folhas e começou por malhar “caixinhas de música”, chatas e frias. Fáceis e distantes.
À décima primeira já estava quente e a partir daí improvisou magistralmente.
No encore acabámos todos a cantar polifonia. Homens a duas notas agora, mulheres a três depois. Muitas vezes. Acorde único e muito participado. Depois riffs de dificuldade rítmica progressiva em uníssono. Emocionante e pazes feitas.
PC
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